sábado, 15 de dezembro de 2012

O dia que o céu parou pra me abraçar

A história da minha conversão

3 de dezembro. Essa data é muito especial pra mim. Assim como comemoramos o aniversário no dia que nascemos, comemoro esse dia como o meu segundo aniversário porque foi o dia que eu nasci de novo. Desde bem pequena eu já conhecia Jesus de ouvir falar, pois vivi toda minha infância frequentando escolas bíblicas e cultos, embora não seja de berço cristão, mas há 7 anos, em 2005, eu O conheci pessoalmente.

As ilusões da adolescência
Eu cresci com o temor de Deus e gostava de estar na igreja, mas a adolescência é sempre muito curiosa e, por conta disso, complicada. Eu estava começando a querer saber o que acontecia por aí, como eram as festas, os relacionamentos e etc. O interessante é que eu não me sentia a vontade... Um gole de ice era muito estranho, beijar alguém sem gostar e conhecer não ia rolar, além de sentir um peso enorme ao entrar em uma simples matinê. Eu realmente não nasci pra isso - os que vivem essa realidade também não nasceram pra isso, apenas não entenderam ainda - e sinto que Deus quis me preservar dessa forma até mesmo antes de eu optar pela santidade, mas o propósito disso ainda se completará. O fato é que, por mais que eu não gostasse tanto assim daquilo, era tudo pela galera. Eu queria fazer novas amizades e o ambiente deles era aquele, então eu me submetia, mas às vezes eu pensava sobre a momentaneidade daquilo. O prazer era muito rápido. Me lembro de uma das poucas noites em que fui à uma matinê e, quando deitei pra dormir, chorei. O vazio ainda estava ali. A fórmula do mundo não funcionava, era ilusão. Mas eu não desisti da ideia. Foi nessa época em que eu parei de frequentar a escola bíblica para ser uma adolescente típica, e Deus, com sua graça - favor imerecido -, interferiu.

O escape no teatro
Nesse mesmo contexto, eu estava fazendo curso de teatro e a ideia de atuar me empolgava. A vida era curta demais e, atuando, eu poderia viver muitas vidas! Seria mais uma solução pra preencher o vazio, fugir da realidade e conquistar com os personagens o que eu não conquistaria na minha vida (claro que só hoje eu enxergo as coisas dessa forma, isso não era consciente). Foi, então, com o desejo ardente de atuar que eu topei substituir uma menina em uma peça evangélica que seria apresentada por um grupo de oito jovens/adolescentes, afinal, eu era da igreja.
Me lembro bem do primeiro ensaio e o dia em que os conheci. Eu fui com o meu primo que tinha sido convidado para interpretar Jesus e que me indicou quando a vaga surgiu. Estava sentada no ponto sem vontade de ir e o ônibus não passava. Eu queria desistir, mas, graças a Deus, eu fui. Chegando lá, uma menina extremamente simpática me abraçou - e me assustou. A outra era uma menina que eu conhecia antes e eu não ia muito com a cara dela porque, aparentemente, era assanhadinha demais, mas tinha se convertido. As duas são grandes amigas minhas até hoje.
E o primeiro encontro até que foi legal, mas eu estava ali pelo teatro, não por Deus. Eu só não contava que a motivação deles era oposta à minha. Eram simplesmente jovens apaixonados por Jesus que queriam espalhar a mensagem do evangelho e salvar outras vidas. Nem todos eram, mas o que sobressaía era isso porque a paixão de uns cobria a indiferença de outros poucos. Era um teatro amador, com tudo amador. Nós, principalmente, éramos atores amadores. E somos ainda. Amadores, principalmente, no que diz respeito à responsabilidade de estar no altar enfrentando batalhas espirituais para salvar vidas, mas a dedicação e o amor demonstrados ali me alcançaram. Nos encontrávamos pelo menos duas vezes por semana para ensaiar e orar. Tínhamos um tempo de oração em cada encontro ao som de louvores, cantávamos juntos. Deus nos ensinou a sonhar enquanto vivíamos isso.

O meu alerta
Eu estava gostando daquilo e aprendendo a ser uma adolescente de 14 anos que amava o Senhor. As pessoas que nos cercam são essenciais para destinarem o caminho que seguimos. É muito difícil pra um jovem, e acredito que pra qualquer pessoa, seguir um caminho sozinho. Salomão disse em Eclesiastes 4 que é melhor serem dois do que um, porque, se um cair, o outro está lá para levantá-lo. Agora, então, eu tinha amigos na igreja, amigos realmente comprometidos em servir a Deus que me inspiravam em ser igual a eles. Mas não foi de uma hora pra outra. Em outubro de 2005, minha tia passou por uma cirurgia muito séria na cabeça. Toda a família estava muito aflita e eu também estava, mas não queria ficar presa àquele pensamento, então eu tinha dois convites: ir para a matinê com as amigas da escola ou ir ao show do Diante do Trono na Apoteose. Eu não conhecia muito o DT e não me animei tanto, embora já tivesse ouvido algumas músicas e gostado da ministração deles. Decidi ir à matinê. Depois a minha ficha caiu, desisti de tudo e fui pro hospital. Pouquíssimo tempo depois, o DT tornou-se extremamente importante pra mim porque eu aprendi muito de Deus através deles e até hoje ouço zoações por ter perdido aquela ministração que "choveu enquanto cantavam Águas Purificadoras", mas superei esse arrependimento indo em muitos outros eventos deles! Voltando à ordem dos fatos, naquele dia eu percebi que eu estava no muro e deveria fazer uma decisão. A peça que eu ensaiava com o ministério teatral, que intitulamos Expressão Divina, tratava exatamente sobre as pessoas que vivem uma vida dupla dentro das igrejas e que deveriam optar em ser frio ou quente porque os mornos seriam vomitados, conforme diz Apocalipse 3:16. A peça se chamava "O alerta" e creio que Deus separou um momento especial para cada um de nós tomarmos nossa decisão a respeito do que ministrávamos. Meu dia foi aquele. Eu escolhi Deus.

Minha fonte de reforço
Dali em diante, passei a observar minhas escolhas e as consequências delas. Cada dia mais ouvia louvores que me inspiravam a ter uma vida que se encaixasse no adorador descrito da letra e prestava muita atenção nas ministrações para entender e receber daquela autoridade. Ministrações como as das canções "Águas Purificadoras" e "Preciso de Ti". Eu queria ser aquela pessoa que libera as águas de cura e aquela que vive a verdade de uma vida preenchida exclusivamente pelo Senhor, como o espontâneo "Não são de carros ou de mansões...", que nem preciso escrever inteiro de tão famoso que é. Me lembro de uma vez estar no quarto ajoelhada ouvindo "Manancial" e, creio que por um direcionamento do Espírito, peguei o dicionário. Quando li ali o verdadeiro significado de palavras que fazem parte desta canção, fiquei admirada e quebrantada. Significado de palavras simples que usamos a todo tempo - humilhar, restaurar, fluir, manancial... - e tudo ali num mesmo contexto, naquela canção. Que oração poderosa! Como eu queria aquilo. Eu estava cada vez mais apaixonada. Eu sei o que é o primeiro amor. O louvor sempre foi muito poderoso pra mim. Tenho versículos e palavras gravadas por causa de louvores e ministrações. Minha facilidade de gravar não é tão auto-suficiente assim. O louvor também é a minha melhor forma de expressão. Cheguei a compor algumas das minhas próprias orações rítmicas. O louvor me inspira a viver o que canto, é liberdade, é entrega, me ergue. Isso sem contar todo o seu poder no nosso espírito, biblicamente falando. E foi assim que eu fui me desenvolvendo, mas isso foi depois de um grande dia.

O dia que o céu parou pra me abraçar
3 de dezembro. Chegou o dia da primeira apresentação da nossa peça. Depois de muito ensaio, oração e dedicação, estávamos ali ofertando o nosso melhor. O nosso melhor era pouco, mas era o nosso melhor. O nosso coração estava inteiro ali e nossas motivações estavam alinhadas em Deus. Deu tudo certo, vidas foram salvas e me lembro muito bem do sentimento daquela noite de 3 de dezembro de 2005. Quando tudo acabou, saímos de kombi com o grupo para lanchar e o meu coração sentiu pela primeira vez a abundância de alegria por estar na presença do Senhor. Eu estava eufórica. Meu coração estava preenchido, não havia vazio. A alegria não passou, não era momentânea. Em minha cabeça, só um pensamento: "Eu quero isso pra sempre!". E ela está aqui até hoje.

De lá pra cá
Nosso ministério fez mais 13 apresentações em igrejas de diferentes denominações. Continuamos abrindo mão do comodismo e do lazer para estarmos juntos ministrando sem cobrar nada. Não sabíamos nem receber oferta de amor. Enfrentamos batalhas espirituais e aprendemos que quando elas acontecem é porque a vitória será gloriosa. Subimos morro e fomos em favelas, mas nada era tão assustador. É estranho pensar no que fazíamos sem conhecimento porque aprendemos sobre batalhas enfrentando-as, e não sei até onde eu apoiaria isso hoje, mas foi importante pra mim e hoje estou aqui. Recebemos uma promessa de que Deus nos levaria a lugares altos e, embora nosso Expressão Divina não exista mais hoje, a promessa era sobre nós e não sobre o grupo. Continuo crendo.
Nesses anos, aprendi muito sobre Deus, Jesus, Espírito Santo, a cruz, o amor, a libertação... e uma longa lista de presentes que herdamos com a nossa salvação. Teria ainda muita coisa pra contar sobre o que aprendi, escolhas de santidade que fiz, experiências, sonhos, meu batismo nas águas, batismo no Espírito Santo e etc, mas hoje fico por aqui. As mudanças que Deus faz na nossa mente, no nosso coração e em nossos comportamentos são detalhistas, são longas histórias pra contar. Ainda tenho muito o que aprender pra acrescentar à esta lista, mas afirmo, sem dúvida alguma, que Jesus é a minha melhor escolha todo dia. A razão do meu viver está nEle, é a Sua presença que me preenche e me dá força, alegria, esperança para o futuro. Eu confio, eu amo. São, até aqui, 7 anos de história e, agora, começo um novo ciclo. Tenho muitos e muitos anos para acrescentar novos fatos em uma história linda, linda, linda escrita pelo próprio Deus. E, depois, tenho a eternidade toda com o meu Amado.

E a sua história?
Deus é especialista em fazer coisas novas. Ele é o Deus de toda criatividade. A minha história começou assim, mas cada um tem uma história diferente. Na verdade, o meu testemunho é até bem simples porque conheço histórias maravilhosas de gente que Deus realmente fez do nada um tudo, mas gosto de mostrar com o meu testemunho que até mesmo adolescentes e pessoas que vivem aparentemente bem precisam das boas novas do evangelho. Quero encorajar a quem já tem o início de sua história para lembrar tudo o que Deus fez e trazer constantemente à memória aquilo que dá esperança. E compartilhe. Quem ainda não tem um marco na sua história com a presença desse Deus que transforma desertos em jardins, saiba que é para você também. Há uma vida de alegria, paz e satisfação, independente das adversidades. Às vezes o caminho é estreito e árduo sim, mas vale a pena. Jesus é suficientemente poderoso para transformar tudo, qualquer morte em vida.
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